quarta-feira, 29 de junho de 2016

Amargura

As lágrimas se tornaram minhas mais íntimas e promissoras amigas...
A quem poderia recorrer?
Tornou-se mais eficiente a solidão.
Sufoco!
Minha garganta embargada encontra-se sempre em estado de exaustão.
Tento trazer pensamentos acolhedores, mas a tristeza insiste em bater à minha porta.
Sinto-me cansada só em imaginar que isso pode não cessar...
Que deveria eu fazer?
Choro repentinamente, me sinto amargurada.
O porquê é algo que ainda lateja em minha cabeça.
Não sei dizer, mas dói, dói muito...
Não consigo parar, a profusão de lágrimas encharca meus olhos sem me sentir, sem nem sequer pedir.
Apenas choro!



quinta-feira, 12 de maio de 2016

Presságio


Numa meia-noite na cidade de Heavenville, avistar-se-ia no céu, um tanto quanto nublado, um número incomum de corvos sobrevoando o povoado. John, um dos poucos (e restantes) habitantes, morava sozinho naquela casa amaldiçoada. Era uma habitação antiga, fruto de nove gerações da família King: possuía calabouços, esconderijos secretos e um grande sótão. Era conhecida como A casa vermelha (não que John aprovasse).
O pai de John, o bêbado William, cometera suicídio por causa do poker há pouco mais de 13 anos. Naquele dia assustador, chegara em casa depois de mais uma partida. Perdera tudo! Embriagado como estava, acordara a família a fim de se despedir. Logo após, atirara na própria cabeça. John, com apenas oito anos, presenciara tudo. Culpava-se pelo acontecido e temia o dia em que a tragédia pudesse se repetir (será que aconteceria?).
...
No auge dos seus 18 anos, conhecera Anne. Casara com ela aos 22 e dessa união dois filhos foram concebidos, Paul e Brian. Tudo parecia perfeito, até que em uma tranquila noite o pior estava por vir: um criminoso que pretendia assaltar a casa, fora de si, decapitara toda a sua família e John, ainda no trabalho, nada pode fazer para evitar. Após dois anos do acontecido, a vingança e a culpa aumentavam a cada dia. Em uma manhã tentara repetir o feito de seu pai, mas a lembrança daquele dia nunca saíra de sua cabeça e o medo e a vergonha de reproduzir tal barbaridade não o fez concluir a loucura. Cresceu e viveu naquela casa mesmo depois de casado, mas a vontade de demoli-la era tamanha. Todas as noites sofria com temerosos pesadelos, tanto com o pai quanto com sua esposa e filhos. E a cada dia se intensificavam mais...
Naquela noite nebulosa, batidas na porta o sobressaltaram. Levantou-se a fim de averiguar o desconhecido. Alguém do lado de fora apenas assobiou. John estremeceu. Temia descobrir quem ou o que era. Abriu a porta e avistou apenas a escuridão da noite, tranquila e serena. O grasnar dos corvos foi inevitável de ser ouvido. Ao fechar a porta estancou de imediato com o vislumbre à sua frente. Um estranho incapaz de se decifrar, homem ou mulher, com uma vestimenta negra, pairava diante de John. Caminhando em sua direção se apresentou sem pronunciar palavras. John amedrontado se afastava lentamente na direção oposta. Tentou subir as escadas, mas em vão: como que sobrenaturalmente, o estranho surgiu no primeiro degrau. Com os olhos esbugalhados, John apenas esperava. Uma gargalhada grotesca, mas assustadora, saiu daquilo que o atormentava. Seu desmaio foi inevitável.
Poucos minutos se passaram e ao acordar alarmado, torcia por ter sido só mais um pesadelo. Porém, o real o esbofeteou em cheio. O estranho ainda se encontrava ali. De imediato uma voz rouca e aterrorizante se fez ouvir. Seu nome causou espanto e perturbação: o anjo caído se encontrava ali. Ao se indagar sobre o que estava acontecendo, a voz de John se fez ouvir. O Príncipe das Trevas por fim o explicou: sua culpa e vingança crescia tanto em seu coração que o tornou um receptáculo impecável.
Logo, a persuasão Dele o deixara intrigado. Ao afirmar que desejaria apenas viver como um mortal, John se espantou. Então, a criatura logo indagou: “Eu era um anjo do Senhor, mas por amá-lo demais fui condenado. Eis, então minha penitência...”. John apenas ouvia sem nada dizer. A besta fera precisava de uma resposta: sim ou não. Mas, para quê? John seria vingado, mas precisava ajudar. E ser o Seu receptáculo era o trato. John logo cedeu. O sorriso do mentiroso rapidamente se apercebeu. Raios cortaram o escuro céu; aves noturnas piavam estridentemente e uma forte luz branca se iluminava naquele aposento.
Alguns meses se passaram e os poucos habitantes da cidade já estavam exterminados. Essa era sua diversão: matar lentamente a fim de se saciar com os gritos de pavor e de dor. John ainda habitava aquele corpo, mas somente inconscientemente. Presenciou a morte de seus velhos conhecidos implorando por suas vidas mas, assim como na tragédia de sua família, nada pode fazer. Seu corpo aos poucos foi se deteriorando e a nova morada d’O inimigo a cada dia perdia seu valor. Como num clique, o senhor das trevas deixara de habitar aquela carcaça. John, ainda vivo, presenciou pela primeira vez os olhos vermelhos do vindo da luz. A risada maldita fez seu corpo estremecer. E dos seus lábios apenas pode decifrar: “Mentiras”. John apagou. Morto!
Naquela mesma noite acordara deitado em sua cama macia, naquela velha casa que pertencia aos seus antepassados. Com medo, decidira abandonar a mansão. Contudo, ainda era noite e, inexplicavelmente, repetidas batidas voltaram a assombrá-lo. Apavorado, rezou. Era devoto quando criança. Agora, rezava como o menino de antes. Ouviu um assobio que o arrepiou até a alma, mas consciente do terror que passara antes, apenas rezou e chorou e logo voltou a adormecer. O mal se fora.
Na manhã seguinte, uma enorme claridade iluminou seu aposento. Acordara. E dias se passaram sem ter ao menos um pesadelo. Todo o mal que habitava seu coração aos poucos se dissipara. E o anjo das trevas de longe apenas o observava. Ideal não o era. O macabro pertencia ao anjo caído e o coração humano apenas possuía mínima parcela. O inconsciente aterrorizava, mas a razão o impedia.





quinta-feira, 17 de março de 2016

Chove

Chove, é inverno.
Dia melancólico...
Com uma pitada de gosto ímpar, 
os transeuntes dispersam-se em meio a neblina.
O crepitar das gotas de chuva são sentidas em cada rosto.
Chove! e o sabor de felicidade cintila nos olhos feridos.
De repente, tudo cessa...
E o tempo nublado perpetra lágrimas ao coração de quem ama.
Seria tristeza? Talvez!
É o cálice da saudade, que transborda nos olhos a insuficiência de reprimir no coração!
Anoitece, e o frio lá fora une quem está perto, aproxima quem está longe e trás quem nem imaginávamos que existia.
Chove! e tudo recomeça...









sábado, 13 de fevereiro de 2016

Ele

Metaforicamente és loucura ao te pensar.
Insanidade se torna presente sobretudo ao te tocar.
Frenesi deverás sinto por teus lábios acariciar.
Escuta! És real, se faz ausente, o porquê de respirar?
Dedilhe meu coração, assim se farás amado;
O qual? Já és meu eterno enamorado!

domingo, 17 de janeiro de 2016

Só, vou indo.
Sozinha,
indo
Vou só.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O mito segundo Mircea Eliade

O mito, responsável pela significação da sociedade ocidental, passou a ser estudado há mais de meio século pelos eruditos ocidentais sob uma perspectiva contrastante a do século XIX: ao invés de designar uma invenção, o mito passou a ser considerado como uma história verdadeira. (ELIADE, 1972). Na Literatura medieval, por exemplo, os poetas começaram a criar histórias fantásticas destacando a figura do herói e seus embates contra criaturas mágicas. Nesse sentido, não é difícil compreender a sobrevivência desses relatos e de suas releituras na contemporaneidade.

P.S.: trecho do projeto para mestrado.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Sou

Rabisco e risco cada palavra proferida, cada sentimento devastador.
Procuro, penso e vomito o que me é perturbador.
Grito, choro e sinto a dor que desatina dissabor.
Tentando vou vivendo a sina de um ser enlouquecedor.



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