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terça-feira, 19 de julho de 2016

Sobre a narração dos contos de fadas

"Um conto de fadas é acima de tudo uma obra de arte, sobre a qual disse Goethe no prólogo ao Fausto: 'Quem oferece muita coisa oferecerá a muitos alguma coisa.' Isso implica que qualquer tentativa deliberada de oferecer algo específico a uma pessoa em particular não pode ser o propósito de uma obra de arte. Ouvir um conto de fadas e absorver as imagens que ele apresenta pode ser comparado a espalhar sementes, de que apenas algumas serão implantadas na mente da criança. Algumas trabalharão de imediato em sua mente consciente; outras estimularão processos no seu inconsciente. Outras ainda precisarão descansar por um longo tempo até que a mente da criança tenha atingido um estado adequado para sua germinação, e muitas jamais criarão raízes. Mas aquelas sementes que caíram no solo certo se transformarão em belas flores e árvores robustas - isto é, darão validez e sentimentos importantes, promoverão percepções, alimentarão esperanças, reduzirão angústias - e, ao fazê-lo, enriquecerão a vida da criança então e para sempre. Narrar um conto de fadas com uma finalidade especifica que não seja a de enriquecer a experiência da criança transforma-o num conto admonitório, numa fábula ou em alguma outra experiência didática que, na melhor das hipóteses, fala a sua mente consciente, ao passo que atingir diretamente o seu inconsciente é também um dos maiores méritos dessa literatura. [...]"

[A psicanálise dos contos de fadas. BETTELHEIM, Bruno. Pág. 217]
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