terça-feira, 19 de julho de 2016

Adeus

Um terço de vida recôndita:
humilhação,
sarcasmo,
agressão!
Fecho os olhos e sinto medo,
abro-os e vejo a solidão.
A Morte assombra meus pensamentos!
Será um aviso ou uma sugestão?
A insanidade me encobre.
Adeus!

Sobre a narração dos contos de fadas

"Um conto de fadas é acima de tudo uma obra de arte, sobre a qual disse Goethe no prólogo ao Fausto: 'Quem oferece muita coisa oferecerá a muitos alguma coisa.' Isso implica que qualquer tentativa deliberada de oferecer algo específico a uma pessoa em particular não pode ser o propósito de uma obra de arte. Ouvir um conto de fadas e absorver as imagens que ele apresenta pode ser comparado a espalhar sementes, de que apenas algumas serão implantadas na mente da criança. Algumas trabalharão de imediato em sua mente consciente; outras estimularão processos no seu inconsciente. Outras ainda precisarão descansar por um longo tempo até que a mente da criança tenha atingido um estado adequado para sua germinação, e muitas jamais criarão raízes. Mas aquelas sementes que caíram no solo certo se transformarão em belas flores e árvores robustas - isto é, darão validez e sentimentos importantes, promoverão percepções, alimentarão esperanças, reduzirão angústias - e, ao fazê-lo, enriquecerão a vida da criança então e para sempre. Narrar um conto de fadas com uma finalidade especifica que não seja a de enriquecer a experiência da criança transforma-o num conto admonitório, numa fábula ou em alguma outra experiência didática que, na melhor das hipóteses, fala a sua mente consciente, ao passo que atingir diretamente o seu inconsciente é também um dos maiores méritos dessa literatura. [...]"

[A psicanálise dos contos de fadas. BETTELHEIM, Bruno. Pág. 217]

E se...

E se embora tu fores,
lembrarás o vivido ao meu lado?
E se nos braços de outro alguém permaneceres,
sentirás pulsar o peito como quando me tocavas?
E se sorrires,
serás sincero desde o amanhecer ao anoitecer?
E se por mim sentires ainda afeição,
deixaras tudo para viver a liberdade de um amor sincero?
E se chegares,
terei eu partido?
Permaneça!

Sonhos meus, sonhos nossos, sonhos...

Que venham aqueles nocivos, ainda meio indecisos, mas vestidos de dores e alegrias. Que venham como a calmaria da espera, como quiserem, despidos de tristezas, mas que sejam delicados de urgências. Que venham sonhos doces, inocentes, cheios de inexistência. Componham meu vazio, as frases ainda por dizerem, as músicas ainda em falta... Que venham soltos de graça, livre de raça, eufóricos de sedução e desprazer, sem apego ao meu eu ao nosso ser, à paisagem que ilumina sem se perder. Que venham vivos, inteiros, sem perdas dos já mortos que foram sonhados antes mesmo de se permitirem ser.
.
Enterro aqueles que ainda não sonhei...


Lailsa Lee 

http://lailsali.blogspot.com.br/

Sobre os melancólicos

"…dispõe de uma visão mais penetrante da verdade do que outras pessoas que não são melancolicas. Quando, em sua exacerbada autocrítica, ele se descreve como mesquinho, egoísta, desonesto, carente de independência, alguém cujo único objetivo tem sido ocultar as fraquezas de sua própria natureza, pode ser, até onde sabemos, que tenha chegado bem perto de se compreender a si mesmo; ficamos imaginando, tão-somente, por que um homem precisa adoecer para ter acesso a uma verdade dessa espécie."

Sigmund Freud - Luto e Melancolia

O poder do mito - histórias de amor matrimônio

"(...) Casamento não é um caso de amor. Um caso de amor é algo inteiramente diferente. O casamento é um compromisso com aquilo que você é. Aquela pessoa é literalmente a sua outra metade. Você e o outro são um só. Um caso de amor não é nada disso, é um relacionamento que visa ao prazer, e, quando deixa de proporcionar prazer, está acabado. Mas o casamento é um compromisso para a vida, e um compromisso para a vida significa a preocupação primordial da sua vida. Quando o casamento não é uma preocupação primordial, você não está casado."

Joseph Campbell

domingo, 17 de julho de 2016

A (des)construção do eterno feminino nas personagens Gina e Hermione em Harry Potter e a Ordem da fênix

Partindo do princípio da evolução da humanidade, nos detemos ao fato de que o homem tem sido “responsável” pela maior parte dos feitos ao longo dos tempos. O indivíduo do sexo masculino era (e ainda o é) descrito como o ser de maior força, de maior capacidade e de maior inteligência. Enquanto isso, a mulher era idealizada como um ser angelical, de candura e de benevolência. A evolução da sociedade patriarcal via (ainda vê) a mulher como objeto e não como sujeito. Baseado nessa premissa, Beauvoir afirma que (1970):
(...) a mulher sempre foi, senão a escrava do homem aos menos sua vassala; os dois sexos nunca partilharam o mundo em igualdade de condições; e ainda hoje, embora sua condição esteja evoluindo, a mulher arca com um pesado handicap. Em quase nenhum país, seu estatuto legal é idêntico ao do homem e muitas vezes este último a prejudica consideravelmente (...). (BEAUVOIR, 1970, p. 14).


Nesse sentido, não é difícil entender que o desenvolvimento da crítica feminista tenha se dado, mais precisamente, na segunda metade do século XX. Isso se deve ao fato de que a mulher era proibida de pensar; de agir intelectualmente, visto que sua única preocupação deveria estar relacionada ao lar e, principalmente, à submissão ao homem. Na Literatura, a voz feminina foi silenciada por muito tempo: em meados do século XIX, por exemplo, as obras de escritoras eram publicadas pelo uso de pseudônimos masculinos para não serem discriminadas.

PS: trecho do meu projeto de pesquisa para o mestrado em Literatura.
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